Como clorofila para as plantas

Um dos maiores receios de pessoas que trabalham ou são grandes admiradoras das imagens - tanto estáticas quanto dinâmicas - com certeza, é perder a capacidade de apreciá-las. E é justamente isso que é retratado nos pouco mais de dez minutos do filme "Clorofila", dirigido e idealizado pelas estudantes da Universidade do Norte do Paraná, Izabel Tiemi e Mariana Rosa.

No filme, uma fotógrafa (Marta dos Santos/Luiza Beloti Abi Saab) perde a capacidade de enxergar e, depois de muito tempo vivendo confinada em sua casa, "em sua câmara escura" - como diz na sinopse do curta, ela se depara com sua antiga paixão: a fotografia. É aí que a personagem encontra um novo jeito de fotografar. Suas imagens agora são enquadradas por seus outros sentidos.

O que mais chama a atenção em "Clorofila" é, como realmente deveria ser, a imagem. Antes de a fotografia ressurgir na vida da personagem, as imagens do filme são bem cruas, poderia-se dizer até que são "sem vida". Porém, a partir do momento que a fotógrafa encontra a maleta com suas imagens dentro e ela tem um flashback, várias são as cenas que deslumbram quem assiste ao filme.

É como se a personagem voltasse à vida após se deparar novamente com a fotografia; como se ela reaprendesse a viver.  E as imagens do curta, em sincronia com os sentimentos da fotógrafa, simbolizam tal sentimento em cenas impressionantes. O filme ganha um novo aspecto imagético em sua segunda metade.

A fotografia seria algo indispensável à vida da fotógrafa já que, sem ela, a personagem tinha apenas uma sobrevida. Como clorofila para as plantas.